REFLEXÃO: QUANDO A JUSTIÇA TARDA, A DOR. MULTIPLICAR-SE

REFLEXÃO: QUANDO A JUSTIÇA TARDA, A DOR MULTIPLICA-SE

Chama-se Fazila Amade. Foi sequestrada em setembro de 2025 em maracuene e os criminosos exigem 20 milhões de meticais pelo seu resgate.
Nos vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver a jovem a ser brutalmente agredida, humilhada e mantid

a em cativeiro. É uma cena que corta o coração de qualquer moçambicano com sensibilidade humana.

Diante de tamanha crueldade, levanta-se uma questão que todos precisamos fazer: onde está a polícia?
Temos instituições, temos tecnologia, temos equipas de investigação e meios de rastreamento — por que não são usados com a mesma rapidez e eficiência que se aplica noutros casos?
Sabemos que, querendo, a polícia pode localizar um celular roubado, pode rastrear comunicações, pode descobrir a origem de vídeos que circulam online. Então, por que não usar esses recursos para encontrar o local deste cativeiro?

Esta não é apenas uma história de sofrimento individual. É o reflexo da morosidade das nossas autoridades sempre que o assunto não lhes toca diretamente. Quando o caso envolve alguém conhecido ou de alto perfil, as respostas surgem rapidamente. Mas quando é uma cidadã comum, o silêncio impera e o tempo passa — tempo que, neste caso, pode significar vida ou morte.

É preciso que a Polícia da República de Moçambique, a CERNIC e todas as entidades competentes ajam com urgência e firmeza. Não se trata de um pedido, mas de um dever. A segurança é um direito constitucional, e o Estado tem a obrigação de proteger os seus cidadãos.

Mais grave ainda é perceber que situações como esta desencorajam investidores e destroem a confiança no nosso país. Se o próprio moçambicano vive com medo, que confiança terá um estrangeiro para investir e contribuir para o desenvolvimento nacional?
A insegurança é o espelho do nosso próprio retrocesso.

Moçambique é o nosso país. Não temos outro.
E enquanto continuarmos a aceitar que crimes como este fiquem sem resposta, estaremos a permitir que o medo substitua a esperança e que a impunidade se torne norma.

Está na hora de dizer basta.
De exigir que a justiça funcione, que as autoridades ajam e que a vida humana seja respeitada.
Porque cada dia de silêncio é uma agressão à própria dignidade do povo moçambicano.
 

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